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Publicada em 08/03/23 às 14:47h
Dia da Mulher
Bancada Feminina da Alego debateu nesta terça ,7, os desafios e caminhos para a garantia de direitos das Mulheres e o combate à violência. O Debate faz parte das comemorações ao Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje.

Assembleia de Notícias - ALEGO

 (Foto: ALEGO )

O Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1977, mas a história do 8 de março é bem mais antiga. Seja na tragédia de 1911 em Nova York* ou, em 1917, com a Marcha das Mulheres Russas por Pão e Paz**, a data passou a simbolizar a busca feminina por reconhecimento de direitos e participação na vida pública. Mais de um século depois desses eventos, as mulheres celebram conquistas, mas também denunciam a gravidade de pautas que precisam ser enfrentadas com urgência. 

Bancada Feminina

Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), esse debate é protagonizado pelas quatro parlamentares que compõem a bancada feminina da 20ª Legislatura. A deputada Bia de Lima (PT), por exemplo, realizou dois eventos na Casa com temáticas importantes para as mulheres. No último dia 4, em conjunto com o mandato da deputada federal Delegada Adriana Accorsi (PT), ela reuniu lideranças femininas no encontro “Mais Mulheres na Política". Já no dia 7, também por iniciativa de Bia, a Casa recebeu o debate “Diga não à violência contra mulheres e meninas”. 

A parlamentar destaca que a defesa dos direitos femininos é uma das prioridades de sua atuação política. “Meus primeiros projetos apresentados na Alego visam a defesa das mulheres. O primeiro requer a continuidade da Comenda Berenice Teixeira Artiaga, em conjunto com as demais deputadas, que homenageia e estimula as mulheres que se destacam no estado de Goiás. O segundo é o Projeto de Resolução para a criação da Procuradoria da Mulher, a fim de estimular a proteção das mulheres vítimas de violência”, elenca a deputada. 

Já a deputada Drª Zeli aponta que avanços legislativos e sociais em prol das mulheres estão diretamente vinculados à participação feminina na vida pública. “O poder político das mulheres é um valioso instrumento de luta e de organização do povo e ainda uma possibilidade real de avanço na conquista dos direitos da população feminina”, opina Drª Zeli. 

No início de seu primeiro mandato no Legislativo, ela faz planos sobre como quer conduzir sua participação na Alego. “Pretendo atuar no Legislativo de forma feminina, pedagógica, e como sujeito político competente para mudar paradigmas masculinos que têm marcado o exercício do poder em nossa sociedade. Há muito ainda a conquistar, mas vamos avançando”, almeja a parlamentar.

A proteção às mulheres também é uma preocupação expressa pela deputada Vivian Naves (Progressistas). Ela afirma que vai trabalhar em prol de “um serviço de acolhimento que oferece às mulheres vítimas de violência e seus filhos um ambiente seguro, além de atendimentos com equipe multidisciplinar".

Vivian acrescenta que a presença feminina na Política ainda é árdua, mas que esse embate precisa ser enfrentado. "Para nós não basta ter a capacidade, pois ainda hoje precisamos provar que somos capazes. Nossa luta é sempre em dobro. Precisamos cada vez mais de mulheres que engajem na política e que mostrem tudo aquilo que são capazes, para que continuemos diariamente abrindo portas para outras mulheres", reflete.

A deputada Rosângela Rezende (Agir) planeja desenvolver grupos de trabalho para mapear as necessidades das mulheres goianas e fundamentar o desenvolvimento de projetos futuros capazes de atender as demandas levantadas. "Creio que esse movimento de empoderamento será fundamental para que as mulheres e mães tenham mais autonomia dentro de suas estruturas familiares, entendam os seus direitos e saibam o que fazer para reivindicá-los", defende Rosângela. A parlamentar também relata que está preparando um projeto sobre velhice saudável e sem tabus. "O objetivo é desmistificar essa ideia do envelhecimento feminino como um processo negativo e mostrar que há muito a ser realizado nessa fase da vida, especialmente quando se tem saúde", argumenta.  

 

Debate e Simbolismo

Neste mês de março, diversas iniciativas procuram dar ênfase à necessidade de ampliação da presença feminina nos espaços de poder. A Ordem dos Advogados do Brasil seção Goiás (OAB-GO), por exemplo, anunciou o licenciamento do presidente Rafael Lara para que a secretária-geral, Talita Hayasaki, assumisse interinamente a presidência da seccional entre os dias 6 e dez de março. Em nota, a OAB-GO afirmou que “encara o Mês da Mulher como uma oportunidade de ampliar os debates sobre igualdade de gênero”. 

No câmpus Inhumas do Instituto Federal Goiás (IFG), está acontecendo a "2ª Semana de Luta e Resistência das Mulheres". Entre os dias 6 e dez deste mês, o evento discute “desafios e lutas das mulheres e meninas em contexto pós-pandêmico nos espaços públicos e privados". Gerente de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, a professora Erica Oliveira coordena a programação. Ela explica que são muitos os desafios para inclusão e permanência da mulher nos espaços profissionais e de poder, historicamente tidos como masculinos. “É preciso combatermos diariamente o assédio e a violência sexual contra meninas e mulheres no interior das instituições, criando espaços de escuta, acolhimento, denúncia e punição contra os agressores", ressalta a professora. 

Erica considera que, embora toda a sociedade seja responsável por colocar fim à desigualdade de gênero, o ambiente escolar tem muito potencial para contribuir nesse processo. "Podemos combater discursos machistas e práticas opressoras dentro e fora da sala de aula. É preciso, por exemplo, ter atenção a comentários e comportamentos misóginos disfarçados de brincadeiras, trazendo-os para o centro do debate, para o centro de nossas práticas de ensino. As questões de gênero devem ser vinculadas ao Currículo Escolar, articulando-as também com a Pesquisa e a Extensão”, defende a educadora.

Medo de retrocessos

A vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Nacional, Amanda Souto, reitera que as últimas décadas trouxeram importantes avanços legislativos na defesa dos direitos das mulheres. Ela lista, por exemplo, a Lei Maria da Penha, de 2006, e mudanças mais recentes, que visam reconhecer e combater feminicídio, stalking, violência psicológica contra mulheres e violência política de gênero.

Por outro lado, Amanda alerta que os mecanismos para a devida aplicação dessas leis são insuficientes. “Quando observamos as interseccionalidades que vão além do gênero, a questão fica ainda mais complexa. Muitas mulheres enfrentam também mazelas como racismo, homofobia, transfobia, etc”, acrescenta a advogada.

Mulher trans, Amanda relata que sente medo pela possibilidade de retrocesso nos direitos conquistados. “Há muita movimentação para que haja um retrocesso na pauta feminina em geral, seja cis ou trans. Precisamos lutar diariamente para que sejam garantidos esses direitos”, relata.

 

Notas:

* Em março de 1911, a fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, em Nova York (EUA), pegou fogo, matando 146 pessoas. Quase todas as vítimas eram mulheres, que trabalhavam na confecção. Elas não puderam se salvar, pois as saídas estavam trancadas, uma forma comumente usada na época para evitar que as operárias saíssem do local durante os intervalos. Com o incêndio, vieram à tona as precárias condições a que eram submetidas as vítimas. Elas chegavam a trabalhar mais de 16 horas por dia, em locais insalubres e com salários absurdamente baixos para o padrão da época. 

** Naquele 8 de março de 1917, mulheres saíram às ruas de São Petersburgo para pedir por pão, melhores condições de vida e pela saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial. Além de fortalecer a causa do sufrágio feminino no país, o episódio também representou o início das mobilizações para a Revolução Russa. Assim, as mulheres deram o pontapé inicial no processo que findou 300 anos de monarquia na Rússia. 




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