O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cancelou o processo seletivo para a contratação de recenseadores e agentes censitários para a realização do Censo Demográfico de 2022. O IBGE rompeu o contrato com o Cebraspe, empresa que faria a seleção. Por meio de nota, o Instituto informou que fará a devolução das taxas de inscrição para quem pagou. Agora, a instituição anunciou que vai buscar uma nova empresa para fazer o processo seletivo dos recenseadores. Seriam criadas 204 mil vagas. Em abril deste ano, o processo também foi suspenso pelo corte de R$ 71 milhões do orçamento para fazer o Censo em todo país.
O ex-presidente do IBGE, Roberto Olinto, lembra que no ano passado, diante do cenário da pandemia, foi normal o cancelamento do contrato para a seleção. Ele diz que na época não tinha o que fazer. “É, mais uma vez, a permanente confusão que o IBGE está envolvido. Porque esse censo de 2020, que passou para 2022 de forma compreensiva até, está cercado de polêmicas, coisa impressionante, porque é um problema do orçamento. Vai para o Supremo Tribunal Federal e agora o processo seletivo. Já houve cancelamento de um processo para a primeira versão para 2020”. Mas agora com a quebra de contrato com a empresa que faria o processo seletivo e a busca por outra, segundo Roberto Olinto, é sinal que falta organização. “Eu acho tudo isso muito ruim, porque mostra uma certa desorganização no processo todo. Me surpreende, por exemplo, no termo organização, quando saiu no início deste ano o corte no orçamento do censo, que o relator cortou as emendas do censo quando houve aquele grito incluindo a saída teatral da presidente do IBGE. Aquele orçamento era de 2 bilhões e o IBGE não se posicionou contra, simplesmente reclamou do corte. Agora, recentemente saíram os R$ 2 bilhões e o IBGE disse que os dois bilhões não são suficientes e que precisa mais”, argumenta.
O economista lembra que o IBGE já passou por isto, mas seria mais fácil ter tido uma posição firme e evitar estes dissabores a pouco tempo da realização do novo Censo de 2022. “O problema é a permanente confusão. O fato em si não é nenhum grande problema. Quer dizer, o IBGE vais ter que devolver o dinheiro para o pessoal. Vai ter que abrir um novo processo seletivo, quer dizer, contratar uma nova empresa. Então, no passado, nós tivemos isso no censo agropecuário”, lembra.
Foram reservados para fazer o Censo Demográfico em 2022 cerca de R$ 2.300 bilhões. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e a justiça determinou que o governo tomasse as devidas providências para a realização do censo no ano que vem.