(Foto: Petrobrás )
Levantamento feito pelo Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) da Petrobras, divulgado hoje (16), no Rio de Janeiro, revela que o número de pinguins que apareceram na costa brasileira, este ano, a partir de junho, atingiu a marca de 5.597 animais. O aumento foi de cerca de 35% em relação ao registrado no mesmo período de 2019.
De acordo com o projeto, os pinguins começaram a chegar ao litoral do Brasil por volta de junho, buscando as águas quentes do país e deixando para trás o inverno gelado da Patagônia, que abrange partes da Argentina e do Chile, para nadar nas praias de Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.
Os animais são da espécie pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), comum nas Ilhas Malvinas, Argentina e Chile, e realizam anualmente movimentos migratórios sazonais para o Brasil entre os meses de junho e novembro. Santa Catarina é o estado com maior incidência, onde foram registrados 2.424 pinguins; seguindo-se São Paulo (1.756), Rio de Janeiro (830) e Paraná (556).
Resgate
A assessoria de imprensa da Petrobras informou que as equipes do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) atuam diariamente no litoral brasileiro, com foco no resgate de animais marinhos vivos debilitados e no registro e análise de carcaças de animais mortos. O projeto constitui ferramenta para a gestão ambiental das atividades da empresa e contribui de forma importante para a conservação das espécies marinhas.
A gerente geral de Licenciamento e Conformidade Ambiental da Petrobras, Daniele Lomba, disse que o trabalho é feito em parceria com diversas instituições científicas e organizações não governamentais (ONGs) para garantir a eficiência desse projeto, “que tanto colabora com os órgãos ambientais na conservação e na gestão ambiental”.
Reabilitação
Os animais resgatados passam por tratamento veterinário, antes de serem devolvidos ao habitat natural. No momento, 80 pinguins estão em reabilitação nas unidades associadas ao PMP, sendo 25 no Rio de Janeiro, 18 em São Paulo e 37 na unidade Santa Catarina/Paraná. Antes de serem devolvidos ao mar, eles recebem um chip que permite seu acompanhamento, caso reapareçam no litoral brasileiro.
A bióloga e coordenadora do Trecho 6 do PMP-Bacia de Santos (PMP-BS), Camila Domit, esclareceu que, muitas vezes, os pinguins são resgatados debilitados, machucados e exaustos, o que demanda um tratamento mais longo para que reaprendam a comer e a nadar sozinhos.
“Alguns desses animais acabam passando muito tempo no processo de reabilitação e podem desenvolver doenças nas patas, denominadas pododermatites, por ficarem longos períodos fora da água”, explicou.
Para reduzir as consequências desses longos períodos em cativeiro, o Centro de Reabilitação e Despetrolização do Pontal do Paraná, localizado no campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mantido pelo PMP-BS, desenvolveu uma espécie de “chinelo” para os pinguins, para evitar, dessa forma, doenças nas patas desses animais por longos períodos sem nadar. Os pinguins que utilizam o novo acessório estão em tratamento há três meses e, segundo os veterinários, apresentam resultados positivos.
Soltura
No último domingo, o PMP-BS realizou, em parceria com o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), a soltura de 15 pinguins, em Cananéia, litoral de São Paulo. A operação foi realizada em alto mar, a cerca de 20 quilômetros da costa da Ilha do Cardoso, respeitando as condições de maré. Amanhã (17), em Araruama, Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, mais 13 pinguins serão devolvidos ao seu habitat natural, em parceria com a Econservation, empresa responsável técnica pela execução do PMP-BS no litoral fluminense.
Esses animais foram encontrados na Região dos Lagos e em Angra dos Reis, na Costa Verde, com desidratação, hipoglicemia, subnutrição, traumatismo e hipotermia. “Hoje, após estabilização do quadro clínico e ganho de peso, passam a maior parte do tempo nadando, ativos e aptos para o retorno à natureza”, informou a veterinária Juliana Saviolli.
O PMP
O PMP é o maior programa de monitoramento de praias do mundo. Ele foi estruturado e é executado pela Petrobras para atender condicionantes do licenciamento ambiental federal. Atualmente, a companhia mantém quatro unidades do projeto que, juntas, operam em dez estados litorâneos, acompanhando mais de três mil quilômetros de praias em regiões onde a companhia atua. O projeto é fiscalizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e compreende monitoramento, resgate, reabilitação e soltura de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, contribuindo para a definição de políticas públicas para a conservação da biodiversidade.