(Foto: André Corrêa)
Às
vésperas de completar 100 dias de gestão, o governador Ronaldo Caido (DEM)
apresentou balanço fiscal do Estado referente a 2018, que foi encaminhado nesta
terça-feira (9) ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO). A
apresentação foi realizada no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia. Caiado
disse que não tem dinheiro para retomar obras e pagar imediatamente o mês de
dezembro de 2018 aos servidores da Educação, em greve há uma semana.
No
balanço, consta um déficit geral herdado de R$ 4,07 bilhões, podendo a chegar a
R$ 6,4 bi com potenciais dívidas, como aquelas que não foram previstas pela
gestão anterior para este ano. Só do programa desativado "Goiás na
Frente", são 312 obras paradas em todo o estado sem previsão de retomada,
segundo levantamento.
O G1 entrou
em contato com as assessorias dos ex-governadores Marconi Perillo (PSDB) e José
Eliton (PSDB) e aguarda um posicionamento sobre o levantamento apresentado.
Para
o governador, o balanço apresentando é uma forma de mostrar à população e aos
órgãos de controle o real cenário encontrado. A proposta é também usar estes
dados para reforçar as tentativas junto à União para conseguir recursos que
ajudem nas contas de Goiás.
“Para
que as pessoas não insistam na tese de que estamos falando de problemas, de
crise, e vejam que estamos indignados com o fato de termos recebido o Estado na
situação em que se encontra hoje”, disse Caiado.
No
documento estão os dados contábeis de todos os poderes e órgãos da
administração direta e indireta, divididos em Gestão Orçamentária, Financeira,
Patrimonial e Fiscal, além de dados do Legislativo e Judiciário. O déficit
orçamentário apresentado somente com as contas do Estado é de R$ 3,023 bilhões,
sem considerar a dos demais poderes.
De
acordo com o Corregedor-Geral do Estado, Henrique Zillerr, o governo anterior
deixou em diversas contas R$ 1,5 bi, mas só uma parte pôde ser movimentada.
"Deste recurso, apenas R$ 29 milhões podem ser utilizados pelo novo
governo. Todo o restante diz respeito a convênios e fundos específicos, com
verba carimbada", afirmou Ziller.
Durante
a apresentação do balanço, os representantes do Governo apontaram possíveis
falhas na gestão anterior, como uma obra na GO-435, no pagamento do Pronatec,
na Saneago, além da compra de aparelhos de ar condicionado para a Secretaria de
Educação que, segundo eles, nunca foram instalados e dívidas com Organizações
de Saúde, entre outras. Também foram apresentadas supostas falhas na realização
de obras no programa “Goiás na frente”.
O
secretário de Administração, Pedro Henrique Sales, disse que cerca de 70
prefeituras já foram notificadas a darem explicações sobre o programa. “Às
vezes o recurso destinado pelo programa era usado de outra forma. Encaminhados
tudo que constatamos aos órgão de controle e os responsáveis deverão ser
penalizados”, afirmou.
Sobre
a retomadas das 312 obras paralisada no estado, Caiado disse que o Estado no
momento não tem recurso para a retomada. “Vamos buscar decisões dentro do que a
Lei de Responsabilidade Fiscal permite. Aguardar todo um planejamento. A nossa
proposta é priorizar aquelas obras que estejam a acima de 80”, informou Caiado.
Greve
na Educação
O
governador também comentou falta de recursos para pagar aos servidores da
Educação. "Pedimos que todos os professores reflitam. Estamos fazendo
todos os esforços, mas não temos esse dinheiro para pagar imediatamente.
Quitamos a primeira parcela de dezembro, concluímos o mês de março... Porque se
existisse outra fonte, ou dinheiro na conta do Estado, nós pagaríamos, mas não
existe. Por que punir as crianças? Pessoal de outros setores também estão na
mesma situação e estão colaborando. Contamos com a solidariedade deles. Se o
estado não desse bom exemplo, não tem porque essa intransigência. Dê esse tempo
ao Governo”, disse.
O
estado propôs na última semana pagar o que deve escalonado em quatro vezes, mas
a proposta não foi aceita pelos educadores.
O
Sindicato dos Professores de Goiás (Sintego) disse que “entende a situação, mas
não consegue esperar mais. Afirmou ainda que já são 100 dias de salário
atrasado e os professores têm contas para pagar”.
Medidas
para rever contas
Caiado
falou sobre algumas medidas adotadas para melhorar as contas, como a
implantação de um sistema de compliance público para controles dos gastos,
visando a economicidade na administração.
"O
compliance é capaz de fazer um diagnóstico e barrar o que pode transformar o
estado no que é hoje", afirmou Caiado.
Também
foi anunciada pelo secretário de Administração, a criação de uma
Superintendência de Compras. “Será implantado um sistema de pesquisa de preço,
comparando valores e deixando de fora aquela licitação que não estiver de
acordo com o preço praticados em outros estados. A gestão estima uma economia
de R$150 milhões ao ano”, ressaltou.
Próximos
passos
As
contas serão relatadas pelo conselheiro Saulo Marques Mesquita, que tem 60 dias
para apresentar o parecer final para posterior julgamento feito por todos os
conselheiros. Na sequência, o documento será encaminhado à Assembleia
Legislativa de Goiás (Alego), que é o órgão do Poder Legislativo legalmente
constituído para aprovar ou reprovar as contas do Executivo.