Que o câmbio automático se popularizou no Brasil, isso é um fato. Hoje, mais de 53% dos modelos produzidos no país já oferecem a opção com a transmissão sem o pedal da embreagem. Mais complexo do que o modelo manual, o componente que não exige a troca das marchas por meio de uma alavanca utiliza um conjunto de engrenagens planetárias, onde uma única peça trabalha aliada a um conversor de torque, componente responsável por acoplar o motor à caixa de transmissão, fazendo o mesmo papel da embreagem, no caso dos câmbios manuais.
De acordo com o coordenador do curso de Engenharia Mecânica da Anhanguera, Jads Victor Paiva dos Santos, no Brasil os modelos mais comuns são os automatizados, CVT (Transmissão Continuamente Variável) e automático tradicional. “Os câmbios automatizados são compostos por um sistema eletrônico, responsável pelo acionamento da embreagem. Esse mesmo sistema analisa a velocidade e a rotação do veículo, ocorrendo então as trocas automáticas devido aos sensores hidráulicos. Para fazer uma comparação, é como se um robô fizesse a troca das marchas do veículo. Já no CVT, há estrutura de correia e polia, o que se assemelha a um sistema de uma moto só que sem marcha. No CVT não há seleção de velocidades, e por isso, oferece respostas mais rápidas em comparação aos outros sistemas” esclarece o docente.
O modelo mais em alta do mercado é o automático de dupla embreagem. Diferente do automático tradicional, ele usa duas embreagens. Ou seja, um disco de embreagem maior aciona as marchas pares e a marcha à ré, enquanto o outro menor fica responsável pelas ímpares. Com isso, enquanto uma marcha está engatada, a próxima já está pronta para entrar em ação. Maior velocidade nas trocas se comparado com o automático convencional.
“Todos os sistemas têm vantagens e desvantagens. O usuário deve analisar qual atender melhor suas necessidades. Algumas delas são mais conhecidas por equiparem determinados modelos de carros, mas em geral, os cuidados para cada uma delas é muito semelhante”, conclui o professor.
Para não cair em enrascada com o seu automóvel automático, o engenheiro recomenda cinco passos:
1. Fique atento sobre a troca do lubrificante. Independentemente do que os fabricantes recomendam, verifique no máximo a cada 30 mil km rodados (com fluido mineral) e, para os sintéticos, até 50 mil km. Se o lubrificante já estiver escuro, é sinal de contaminação e de que já perdeu suas propriedades.
2. Carro automático não morre. Suspeite se ele estiver parecendo estar fora do ponto ou transmitindo trepidações.
3. Veja se o líquido de arrefecimento do motor ou o nível da água do radiador está em ordem, pois além de refrigerar o motor ele também é responsável por manter a temperatura do fluido da transmissão automática. Se o motor entrar em aquecimento, o câmbio também superaquece e tem os seus componentes avariados.
4. Lembre-se: quase todas as transmissões automáticas contam com um filtro ou uma tela. É muito importante que ela seja lavada ou trocada quando se substitui o fluido da transmissão.
5. Por fim, os mesmos cuidados indicados para os modelos manuais, também se aplicam aos automáticos. Tentar arrancar a toda a hora, usando o pé esquerdo para frear e o direito para acelerar ao mesmo tempo faz o conjunto trabalhar muito quente. Deixar a transmissão atuar suavemente aumenta a vida útil de todo o sistema.